Tem dia que é assim, não tem? Morto.

Você rende pouco, não faz metade do que deveria e, ainda assim, está exausto.

Repare que os dias mortos começam sem foco. Você abre o e-mail, responde um ou outro, lê uma piada, que linka com um vídeo engraçado. Pronto. Foram-se duas horas.

Aí já é quase almoço, né? Não dá tempo de mergulhar de verdade naquela pendência. Então você entra no Face rapidão, só para ver as quentinhas do dia. Sim, porque você insiste em dar ibope para a vida perfeita dos seus amigos no Facebook.

Uma coisa puxa a outra, e você se depara com alguém da sua rede de amigos muito ativo socialmente. Resolve espiar o profile. Vê que o cara é incansável, bem-sucedido, daqueles que obviamente posta do iPhone 7 (que você ainda não tem, mas já se convenceu de que necessita. Urgente!).

A partir desse momento, você já perdeu qualquer controle. Surra de cliques. Os (milhares de) links são sobre assuntos diversos: última entrevista com a Jennifer Anitson; matéria da The Economist que mostra o crescimento do mercado agrícola no cerrado brasileiro; comentários nas fotos do jantar de ontem com o povo do escritório; playlists do Spotify que a galera da pós está ouvindo; trechos de músicas de grupos que você nunca viu mais gordos; entrevista com o gênio de 13 anos que já tem doutorado em Harvard; confirmação de presença no batismo do afilhado do amigo do primo.

E você ali, sentindo-se um latifúndio improdutivo.

Se for mulher, pior: o sentimento de incompetência pode vir somado à baixa autoestima proveniente dos hormônios menstruais: “a desgraçada faz tudo isso e ainda consegue estar com unha e cabelos impecáveis nas fotos”.

Hora de almoçar. Papo vai, papo vem, e você distante.

Pensa onde pode procurar referências para mostrar que você também tem conteúdo.

Seus amigos falam de um restaurante ótimo que visitaram no fim de semana, contam de uma oportunidade de investimento imobiliário, explicam didaticamente como ganhar dinheiro na bolsa.

“Bobagem. Preciso de conteúdo!”.

Você entra na panela de pressão e, sozinho, tranca-se ali.

Passa a tarde procurando coisas interessantes. Navega no site daquela revista, no blog do colunista famosinho, no portal de coisas grátis que virou pornochanchada, e acaba se distraindo no Youtube. Foram-se 3 horas.

Agora não dá mais tempo de mergulhar naquela pendência de verdade. Fica para amanhã.

Dias mortos.

Para não deixar isso acontecer? Decida sair da panela de pressão. Você se sente pressionado a ter, a fazer, a saber? Dedique-se a ser.

Aprenda o que você gosta de fazer, o que tem de bacana para dividir, o que pode usar como diferencial no seu trabalho. O resto vai ser natural.

Mas, agora, relaxe. Não dá tempo de imergir nessa pendência.

Entre aí no Facebook e amanhã você pensa nisso.