Faz-se necessário dizer: há textos líveis e textos ilíveis. Hein? É.

Qualquer um pode escrever, e é ótimo que seja assim. Cabe aqui, porém, um manifesto por mais textos gostosos de ler, em meio à maré de infolixo que nos rodeia.

Texto, como música, precisa de ritmo. Sem alguma dose de ginga e certo grau de malemolência, palavras soltas na internet (e na vida) viram mimimis.

Façamos um festival bem eclético com frases e parágrafos: samba, pras segundas-feiras caídas; afro-reggae, em dias festivos; heavy-metal, sempre que necessária uma tempestadezinha; de tempos em tempos, jazz, por puro deleite.

Duvido. Você não consegue parar de ler este texto agora. É provável que tenha essa vontade, porém, se eu insistir algumas vezes que é muito importante que você preste atenção na essência da raiz etimológica do termo zzzzzzzzzzz. Perdi você.

Repetições serão abominadas na mesma proporção em que sinônimos serão amados, idolatrados, salve-salve.

Importa a ordem das orações. Invertidas sejam. Amém.

(Ah, e insubordinadas, de preferência).

Sobre a pontuação, peloamordetudoqueémaissagrado: menos Saramago, mais Luis Fernando Veríssimo.

Abusemos dos pontos finais como se nossas vidas dependessem disso. Na verdade, dependem mais do que imaginamos.

Respiros.

Cri. Cri. Cri.

Viu, que alegria?

Já as metáforas, meus amigos, devem jorrar aos litros. Ironia, eufemismo, onomatopeia, pode chegar todo mundo aqui, gente. A casa é de vocês, figuras.

Fica decretado, ainda, o direito de emular livre e irrestritamente a intimidade com que Guimarães Rosa tratava as palavras.

Não dá um certo tesãozinho compreender o significado de neologismos? Ou você conhecia os termos “lível” e “ilível”?

Desafiemos rotinas. Provoquemos reflexões. Inventerpretemos.

Estão abolidos o medo e a insegurança. Criatividade, loucura, transgressão: vocês, sim, são bem-vindas.

Um texto agradável de ler deve deixar aquele gosto azedinho-doce de quero mais.

Tá bom, tá bom. Você já entendeu.

Deu vontade de escrever? Colabore.