Feriado de Finados. A alegria das floriculturas de cemitério.

Sempre me intrigou ver aquele mundaréu de gente levando flores para enfeitar túmulos no dia 2 de novembro. A pessoa vai lá, paga over-Reais por aquele crisântemo que é triste até no nome, e fica ali alguns minutos, diante de uma lápide maltratada pelo tempo, lembrando dos momentos vividos e lamentando pelos que nunca virão.

Tenho muito respeito à memória de pessoas queridas que já se foram. Certa vez, fui acometida de um ataque de choro incontrolável ao me deparar com o túmulo de minha avó abandonado, sem cuidados, com vasos caídos e flores murchas, alguns anos após sua partida. Então – entendam – não sou contra a preservação dos cemitérios.

O que me entristece é pensar que muitos de nós perdemos a oportunidade tão simples de estar com nossos queridos – e dar-lhe flores metafóricas ou não – enquanto vivem!

A música que deu título a este texto (Flores em vida) é do Paulo César Baruk. Vale a pena ouvi-la e assistir ao clipe:

Perdemos tempo com picuinhas ridículas, com desentendimentos mesquinhos, com orgulhos feridos. Economizamos abraços, olhares, carinhos. No lugar, distribuímos indiretas, alfinetadas, ironias. Acumulamos lixo.

Quando for tarde demais, engrossaremos as fileiras dos que compram crisântemos malcheirosos por over-Reais em floriculturas de cemitério no Dia de Finados.

Tenho pressa de viver. Mas isso não deve me impedir de ser sensível. Ao meu lado, algumas pessoas que considero incríveis nunca ouviram um elogio sequer de mim, porque sou tímida, porque não tive tempo, porque “sei lá o que ela vai pensar”. Quantos grey hairs estão morrendo sem jamais terem recebido atenção…

Temos a tendência de esquecer que o melhor presente do mundo é estar junto.

Se eu pudesse dar um conselho à humanidade, hoje, seria:

Entreguemos flores em vida.

“Mas Fulano não gosta de flores”, você – literal – está pensando.

Substitua “flores” por “abraços”, “elogios”, “gratidão”, “perdão”…

Esse tipo de reflexão soa piegas e, infelizmente, chega atrasada na maioria das vezes. No velório, pouco importa se eu amo, se me arrependo, se sinto muito, se gostaria… Too late.

Talvez esteja na hora de me importar menos com a vida perfeita dos meus amigos no Facebook e mais com as pessoas que dão significado à minha existência. Até porque eles jamais serão finados.

Se você concorda, apenas diga – com ou sem palavras – o quanto você ama aquela pessoa. Agora.