Amigos já me ouviram dizer que as mães de hoje em dia deviam se ligar ao seu instinto materno em vez de se guiarem por manuais ou procurarem especialista-disso-ou-daquilo. Mudei radicalmente de ideia depois que me tornei mãe.

Hoje em dia, para todas as pessoas que pensam em contratar um consultor de absolutamente qualquer assunto, digo: pegue o telefone agora ou mande um Whats já!

Com meu exemplo de mãe, explico minha teoria que serve para tudo, genericum vitae, mesmo. Não somos super-heróis, e os especialistas existem para isso, afinal: ajudar nas especificidades.

Romantizava os tempos de outrora. Achava que as mães amamentavam sem grandes problemas. Que ficavam sem dormir numa boa. Que seguiam o que achavam certo em vez de escolherem a linha da criação com apego ou do Nana Nenê.

Até que minha avó soltou a bomba: “eu não amamentei nenhum dos meus quatro filhos, não. Todos criados com leite de vaca”. Meu queixo caiu.

Agora era uma questão de honra investigar. Descobri com minha mãe que meu irmão tomou leite em pó. E que eu, euzinha, fui amamentada, sim. Mas acordava quatro vezes na madrugada até completar mais de um ano, a ponto de ela não aguentar mais de exaustão.

Ok, nem tudo foram flores para meus antepassados. Mas eu estava decidida a quebrar essa corrente e amamentar meu bebê. Como em um passe de mágica – às vezes acho que foi Deus que ficou com dó e mandou um anjo cochichar no meu ouvido –, lembrei-me de um nome que ouvi na aula de ioga para gestantes: Josefa. Uma enfermeira famosa aqui na cidade, que ajudava as mamães novatas na hora da amamentação.

Minha mãe e meu marido, vendo meu sofrimento, falavam: liga logo! Eu, relutante, achando que deveria dar conta daquilo sozinha, mandei um WhatsApp, como quem não quer nada.

Logo, marcamos um horário. Estava com tanta dor que mal fechava os braços. Josefa chegou. Ah, Santa Josefa! Foi conversando comigo enquanto massageava minha mama. Colocou meu filho em meu seio sem dor. Ensinou tudo que eu precisava saber sobre a rotina de um recém-nascido. Por que demorei tanto para chamá-la?

Depois veio a próxima luta: dormir. Confesso que, quando estava grávida, costumava me gabar por não ter essa relação de amor com horas de sono. Achava que não seria um problema. Cospe pra cima, bem.

A privação de descanso me tornou uma pessoa amarga, sem paciência. Ruim para mim, pior para meu marido, amante assumido do travesseiro. Sabia que nossa vida precisava melhorar. Precisávamos voltar a ser um casal. Não só pai-e-mãe. Pior, pai e mãe que só brigam.

Era madrugada quando achei um texto sobre a profissional que se dizia “encantadora de bebês”. Ela passaria um dia e meio na minha casa e faria meu filho entrar nos trilhos. “Contrate!”, meu marido disse. Sem hesitar. Sem nem se importar muito com o novo gasto na planilha – o que mostrava o tamanho do desespero.

Depois de ajustes na papinha, táticas para ninar no berço e uma rotina militar, plim! A mágica da encantadora funcionava mesmo! Meu bebê começou a dormir melhor já no dia seguinte. Hoje, uma semana depois, o sono vai direto das 20h às 7h. Pareço outra pessoa.

Dividi tudo isso aqui – e com tantos detalhes – porque percebi que contar com a ajuda especializada de outras pessoas não tem nada de errado. E isso se transfere a qualquer área da vida. Será que você está tentando dar uma de super-herói em alguma dificuldade?

Só emagreci depois que conheci minha personal trainer. Só passei a me alimentar decentemente com a ajuda de uma especialista em nutrição. Tenho minha especialista em tatuagem, minha especialista em deixar minha casa um brinco, minha especialista em cabelo.

Pense bem e verá que você também está cercado de especialistas – e não só os que você precisa contratar. Talvez você tenha até alguns que não está valorizando, bem ao seu lado. Gente que entende tudo sobre carros. Gente que motiva como ninguém. Gente que ontem mesmo passou por algum perrengue parecido com o seu e pode ajudar.

Eles podem ter uma denominação diferente, como coach, consultora de amamentação, encantadora de bebês. Mas o nome disso é AJUDA. E a gente precisa de ajuda. Não tem razão para adiar. Muito menos para se envergonhar e querer resolver tudo sozinho.

Meu avô sempre me deu o seguinte conselho: cada um com sua função. Hoje eu entendo como ninguém.