Avengers, X-Men, Batman, Superman ou Spider-Man? Ir ao cinema hoje é encontrar sempre a opção de algum filme de super-herói disponível.

Graças aos efeitos especiais e aos investimentos milionários de Hollywood, os filmes atuais deixaram de ser há um bom tempo coisa de criança ou adolescente. Mas nem sempre foi assim.

Volto a 1978, quando o Superman de Richard Donner foi lançado. Quem teve a oportunidade de assistir ao filme no cinema pôde ter pela primeira vez a experiência de ver um personagem transcender as páginas das HQs e ocupar as telas grandes.

Uma experiência que superou de longe a das séries e desenhos animados da TV.  Afinal, a produção contou com os efeitos especiais mais avançados da época, um diretor que não quis criar uma paródia e sim um filme com tons realistas e fiel às origens do personagem, trilha de John Williams, uma história bem escrita (Mario Puzo, de “O Poderoso Chefão”, fez parte do time de roteiristas), além de um super elenco com atores como Christopher Reeve, Marlon Brando, Gene Hackman e Margot Kidder.

Talvez tenha sido a primeira vez que tive um contato interessante com esse universo. Confesso que sempre preferi as histórias criadas por Carl Barks para a Disney e o universo do Maurício de Souza.

A primeira vez que abri uma HQ de herói foi uma da Marvel.

A química não rolou.

Lembro de ter encontrado uma história que já tinha começado em outra edição e que não terminava ali. Aquilo foi imperdoável. Sempre fui fã dos roteiros, mais que da arte.

Então, um dia, tive contato com uma revista do Spirit, do mestre Will Eisner. Além das histórias com início, meio e fim, havia aquela arte primorosa, com seus contrastes e planos cinematográficos. Até aquele momento, super-herói era só coisa de cinema ou TV. Tanto que depois vieram Superman II, III e IV e, em 1989, o Batman sombrio de Tim Burton.

Só que três anos antes do Batman ir para as telas, Frank Miller já tinha feito um enorme barulho ao lançar a HQ do Cavaleiro das Trevas. Um marco que mudou completamente a história dos quadrinhos de super-heróis e que influencia até hoje a produção de filmes, desenhos e videogames. Sem esquecer, é claro, do Watchmen, de Alan Moore, lançado no mesmo ano, que subverteu as regras do gênero ao mergulhar na psicologia de pessoas que utilizam uniformes coloridos para combater o crime.

Dei toda essa volta para dizer que foi por causa desses filmes e histórias que os super-heróis são vistos hoje também como coisa de gente grande.

Antes disso, esse universo era produzido apenas para crianças e adolescentes. Tanto que, na década de 50, nos EUA, o Comic Code Authority foi criado para modificar o conteúdo das HQs, proibindo situações de sexo, drogas e violência e “proteger as crianças”. Um código que só começou a ser abandonado pelas grandes editoras exatamente nos anos 70 e que possibilitou, com isso, a ampliação de seu público.

Bom, agora que cheguei até aqui, resgato a pergunta que fiz no título deste texto: por que precisamos de super-heróis?

E retomo apenas para deixá-la em aberto e tentar respondê-la no próximo texto.

Enquanto isso, indico o Cavaleiro das Trevas e Watchmen, além dos dois primeiros filmes do Superman com o Christopher Reeve (aos outros dois, assista por sua conta e risco). Depois, tente se lembrar ou pesquisar sobre como era o mundo nessa época.

É a partir dessa relação entre História e história que minha pergunta começa a ser respondida.