“Formentera é conhecida e valorizada turisticamente por suas praias de águas transparentes e fina areia branca que emudecem os visitantes com suas tonalidades turquesas” – essa é a descrição da Prefeitura Municipal de Turismo em sua página oficial.
Sim, Formentera é um paraíso. Nunca vi lugar tão lindo na vida.
Fica nas Ilhas Baleares, no mar Mediterrâneo, a uns 30 minutos de barco de Ibiza, na Espanha. A única maneira de chegar lá é com esse barco.
A ilha é um lugar silencioso, tranquilo e absolutamente encantador. Um contraste surpreendente e delicioso com a vida badalada de Ibiza, by the way.
Lá é possível alugar bikes, motos ou carros para explorar as praias transparentes da região. Meu marido e eu escolhemos a opção mais “baixa renda”, e pedalamos o dia todo para dar uma volta completa na ilha (com direito a paradas estratégicas para curtir as paisagens incríveis, é claro).
A parte mais famosa de Formentera são as praias de Illetes. Ao chegar lá, entendemos por quê: areia branquíssima e águas com milhares de tons de azul, do mais escuro ao perfeito transparente.
> Você pode baixar aqui o catálogo completo das praias de Formentera.
Dava vontade de fazer o tempo parar e ficar ali para sempre. Só conseguíamos dizer: “que lugar maravilhoso!”. E logo éramos surpreendidos por outro, mais maravilhoso ainda.
Espantoso também era o quão vazias aquelas praias estavam. Fomos em abril, no final da baixa temporada. O lugar era só nosso. Quer dizer, nosso e de uns pelados que apareciam esporadicamente. Nudismo por ali é supernormal.
Vimos dunas belíssimas, passeamos entre salinas que ficam dentro de uma zona de proteção do meio-ambiente, depois pedalamos pelo interior da ilha, em seguida por bosques de pinheiros. Mas o que nos conquistou o coração – e as lentes da máquina fotográfica – foram as águas cristalinas e transparentes de Formentera.
Uma das cenas mais emocionantes foi presenciar a cumplicidade de um casal de velhinhos que caminhava pela praia.
Completamente nus.
Entraram no mar, ele um pouco à frente, ela se banhando lentamente, como que desfrutando o melhor da vida naquele paraíso. Saíram da água devagar, continuaram andando pela areia fina e sumiram de vista.
Cena de filme. Coisa mais apaixonante.
Elegemos uma praia deserta para chamar de nossa. Nela, fiz topless e nadei seminua pela primeira vez. (Prestenção: essa foto acima é dos velhinhos, e não minha, pessoa desatenta!). Que coisa libertadora é ficar sem roupa – e isso é tão natural para o povo de lá, e era tão tabu para mim, que lamentei ter demorado tanto para experimentar.
Só saí daquela água maravilhosa porque tive medo dos peixinhos que começaram a aparecer ao meu redor. Pavor de que entrassem onde não deviam. Se não fosse por isso, ficaria ali curtindo a liberdade por muitas outras horas.
Ficamos estirados naquele paraíso até não aguentarmos mais de sede e fome, umas quase 4h da tarde (detalhe: saímos tão cedo que não pudemos tomar o café da manhã do hotel e o amadorismo nos fez esquecer de levar comida e água).
Lamentável, porque não queríamos sair dali. Como estávamos na baixa temporada, não havia absolutamente nenhuma infraestrutura turística.
Zero quiosques. Minto, havia um: fechado e em reforma.
De bike, fomos procurar algum lugar aberto para comprar qualquer coisa comestível ou bebível. Achamos um mercadinho que vendia bocadillos – os quais nos pareceram os melhores sanduíches do universo, depois de alguns quilômetros de pedalada em areias, ruas e estradinhas não exatamente planas. Ainda assim, só ressuscitamos depois da Coca-Cola gelada.
Paramos para admirar a praia de Es Pujols, perto do centro da ilha. Por lá havia menos pelados e mais famílias.
Já cansados, lembramos que faltavam vários quilômetros para voltar ao porto. No total, foram cerca de 12 km percorridos durante o dia (a costa completa da pequena ilha, por ser bastante recortada, tem mais de 82 km – então calcule que o pouco que descrevi neste texto é menos de 15% daquele paraíso). Pode parecer pouco para você, que corre 12 km em meia hora todas as manhãs. Para nós, sedentários, custou caro aquela dor traseira do dia seguinte. Mas valeu cada pedalada.
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