Conclusões antecipadas são o corretor ortográfico do nosso cérebro!

É aquela cosquinha inconsciente e quase irresistível de tentar adivinhar o que o outro ainda vai dizer. E é uma das principais barreiras de comunicação que encontramos e impomos no nosso dia a dia.

Aposto que agora mesmo você já está formando uma expectativa de pra onde esse texto vai e de qual será sua conclusão! Você já deve estar pensando em como já fizeram isso com você na situação X, em como sua mãe/cunhado/chefe faz isso o tempo todo, etc. E foram só 3 parágrafos!

A gente já lê interpretando.

Já ouve querendo tirar nossas próprias conclusões.

Mas esse (mau) hábito limita nosso repertório, pois não nos permite conhecer a verdade do outro e, com isso, ampliar os nossos próprios horizontes.

O ponto é que cada um vê no outro o que já está dentro de si! Tipo um Teste de Rorschach a cada interação humana. Afinal, cada um de nós enxerga, ouve e lê com as suas próprias lentes, crenças e valores.

A gente faz isso o tempo todo com os outros, mas como dói quando fazem conosco! Um dos meus exemplos mais recentes foi há pouco tempo com um texto que escrevi sobre relacionamentos. A editora acabou mudando a sequência dos argumentos e escreveu uma nova conclusão sobre o assunto. O problema é que não era onde eu queria chegar quando idealizei o texto inicialmente. Era a verdade dela refletida no papel, não a minha… Ainda bem que, nesse caso, por ser escrito, deu pra notar o barulho na comunicação e corrigir sem grandes traumas. Doeu, mas sarou rápido (um luxo que não temos quando a comunicação fica toda no blá)!

E, se dói em nós, por que não doeria nos nossos interlocutores?

Não podemos mudar o outro, mas podemos começar desde já alguns treinamentos para sermos melhores ouvintes.

Por isso, proponho aqui três treinamentos:

1) Foco

O primeiro treinamento é o do foco. Tentar ouvir/ler sem pensar ao mesmo tempo na conta pra pagar, na mensagem que chegou no celular ou nos planos pro fim de semana. Só com seu cérebro 100% concentrado no que está acontecendo você tem alguma chance de não perder o fio do raciocínio (e depois sair correndo pra tentar completar sozinho os “espaços vazios”).

2) Empatia

O segundo treinamento é o da empatia. Tente, mas tente muito, muito mesmo, ouvir/ler com a mente aberta. Tentando enxergar a situação pelo ponto de vista do outro, calçando os metafóricos sapatinhos do outro. Não faça como os que vivem no limbo da inocência sem noção e sempre colocam seu umbigo em primeiro lugar. Ninguém te perguntou ainda se você teve uma situação parecida, mais difícil ou mais bonita.

3) Paciência

O terceiro e último treinamento é o da paciência. Meu amigo, respire fundo! Deixe o cara molhar o bico! Nem todo mundo encadeia ideias da mesma forma que você. Respeite o tempo e o jeitão do outro na hora de contar algo. Ninguém falou que era fácil, mas respire e tente, porque é eficaz!

No final, quem ganha com isso? Você, meu caro amigo!

É você quem vai sair com um repertório mais rico, vai tirar conclusões melhores quando elas forem necessárias e ainda vai construir relacionamentos mais significativos, pois o ser humano só se revela quando se sente ouvido.

Pronto! Agora que acabei, vá em frente e tire suas próprias conclusões!