Este não é um texto sobre padaria (embora pudesse ser). É sobre desejos de viagem e de vida.

Sabe sonho? Acontece.

Eu sei, parece mais uma daquelas frases que você ouve quando assiste filme da Disney ou quando sua sobrinha te chama pra ler um livro de contos de fadas recheado de histórias de princesa e sapatinho de cristal. Não é o caso. Vamos falar de realidade.

Há mais de dois anos, o maior dos sonhos, pra mim, era morar fora do país. Economizei durante meses, escolhi uma ilha banhada pelo Mar Mediterrâneo, pedi as contas, comprei as passagens e fim. E começo.

Ah, eu não sei vocês, mas não consigo imaginar forma melhor de dar uma sacudida na vida do que viajar pra um lugar completamente diferente… A maioria das experiências mais maravilhosas que já tive aconteceu enquanto eu estava a milhares de quilômetros de casa.

Tem de tudo um pouco. Das furadas ao glamour. Do GPS não funcionar a ser confundida com moradora ao invés de turista. Já corri com sacolas cheias de compras nas ruas movimentadas do Paraguai. Comi pastel de strogonoff quando fui para o Rio Grande do Sul. Fiz contagem regressiva para um novo ano em frente à Torre Eiffel. Assisti jogos do Brasil na Copa do Mundo enquanto estava na Argentina. Conheci a cidade de Romeu & Julieta na Itália.

Acho que uma das metas de vida que todo mundo deveria ter é ser obrigado a tirar outro passaporte porque não cabe mais nenhum carimbo no anterior. Inclusive, deviam também baratear a gasolina pra quem sempre coloca o pé na estrada. Viajar abre nossas mentes, faz bem pro coração e acalma a nossa alma.

Desde que eu me mudei e vejo o mar todos os dias, sou outra pessoa. Mais calma, serena. Em paz. E tem mais um monte de gente no mesmo barco, em outra direção. Um amigo que se formou em engenharia mas decidiu morar no Japão por dois anos. A conhecida que largou tudo e foi atrás do grande amor na Austrália. O primo que foi estudar nos Estados Unidos. Uma das minhas melhores amigas que fez intercâmbio na Nova Zelândia há alguns meses, se apaixonou por um alemão e vai se mudar pra Berlim.

Algo muito mágico deve acontecer, já dentro do avião. Pode ser a pressão do ar. Não tem como não sentir felicidade. Não importa se o assento não vai reclinar tanto. Estamos acostumados com a classe econômica. Ninguém está nem aí se vai jantar frango, carne ou massa. Ou se nem vai poder escolher entre essas opções, caso esteja sentado na fileira 48. Quando o piloto pedir pra apertar os cintos porque chegamos ao destino, tudo valerá a pena. Haja câmera fotográfica!

Delícia mesmo é sentir a liberdade. Abrir bem as janelas do carro, vento no rosto. Deitar na grama do parque que você sempre quis conhecer. Tomar picolé na pracinha daquela cidade do interior. Andar a cavalo na trilha do hotel fazenda. Acender a churrasqueira e encher a geladeira de cerveja quando alugar uma chácara com os amigos. Levar as crianças pra andar na montanha-russa. E, tão logo estiver voltando pra casa, sonhar com a próxima viagem.

Se eu pudesse dar qualquer tipo de conselho a alguém, seria: arrume suas malas e vá. Despachadas, de mão. Ou mochila. Com ou sem nécessaire. Leve o que quiser. Vá a pé, de carona, caravana, busão. Não importa para onde.

O que importa é esta certeza: a maior bagagem sempre vai voltar dentro de você.