Sabe o que mais me dói numa fofoca?

Ver que pessoas tão próximas a nós são capazes de agir para nos fazer mal.

Quando pensamos em bem ou mal, o mal normalmente é atribuído a desconhecidos, em maior ou menor grau. De bandidos a pessoas grosseiras no trânsito, por exemplo. Mas quando somos envolvidos numa fofoca, o mal está ali do nosso ladinho.

E mesmo que tenha vindo de alguém não tão “amigo”, nos decepciona e nos magoa. Ou, melhor dizendo, me decepciona e me magoa.

Muito já ouvi falar que decepção é um problema da própria pessoa, porque ela não deveria esperar nada de outro indivíduo, somente de si própria.

Penso, porém, que não existe convívio nem relação próxima entre duas pessoas sem haver algum grau de correspondência. E isso inclui expectativa.

O que é fofoca? O dicionário traz: conversa informal e geralmente distorcida sobre a vida de alguém.

Uma pessoa que inicia ou propaga uma fofoca pode superficialmente se enganar acreditando que se trata apenas de um comentário ou até mesmo de uma “constatação”. Mas quem se envolve nesse tipo de conversa, no íntimo (se realmente quiser consultar o seu íntimo) acaba sentindo o desconforto do mal que propaga.

E a fofoca corporativa, então? Só eu já ouvi casos surreais de fofoca no ambiente de trabalho? Como se já não bastassem o estresse e a pressão profissionais… Como lidar?

Uma fofoca precisa de, pelo menos, duas pessoas. A que fala e a que ouve. A que ouve, se não corresponder àquela mesma intenção, vai ter uma postura que deixará desconsertada a que fala. 

Deveríamos tentar quebrar esse péssimo ciclo bem aqui, talvez nos negando a sermos ouvintes de quem quer fofocar.

Se relacionamento inclui expectativa, é quase inevitável que haja também a quebra de expectativa e a consequente decepção.

No entanto, quando menciono a decepção como parte dos relacionamentos, não defendo que haja vítima. Mesmo me sentindo alvo de fofoca e me entristecendo com essa atitude, não me sinto vítima.

Não deveria haver tempo e energia para fofoca.

É preciso seguir adiante, hoje com o coração apertado, mas, ainda assim, cheio de amor, porque é disto que prefiro viver.