É sexta-feira.

Amanhã não é dia de trabalho e poderei dividir os cuidados do filho com o marido.

Vou dormir! Vou descansar!

Hoje a diarista veio e trocou o lençol. Vou tomar um banho, colocar um pijama limpo e me esbaldar rolando para lá e para cá naquele cheiro de amaciante.

Eis que o Whatsapp apita. Mensagem do pai da criança.

Tomara que ele diga que vai chegar mais cedo, assim ele assume o jantar e o banho do pequeno para eu sentar naquele sofá delícia que nem me reconhece mais.

Ma-no! Mensagens quentes, hoje ele está on fire.

Tudo bem! Vamos nessa, que ainda existe uma mulher dentro de mim que não é apenas mãe trabalhadora. Respondo “vem quente que estou fervendo” e rio, porque sou brega nas mensagens “te quiero”.

Depois de algumas trocas de palavras obscenas sobre o que um ia fazer com o outro naquela noite, leio: “vamos fazer um 69 delicioso”.

Putz, 69? Duvido que alguma mulher curta esse lance de 69.

Já me deu preguiça.

Uma amiga falando sobre o 69: “aí, era meu primeiro namorado, e ele me disse que a gente ia fazer um lance diferente, um 69. A gente se beijou, ele me deitou na cama. De repente, vejo aquelas bolas na minha cara, com aquele cheiro de bola. Não via a hora de sair dali”.

Ri loucamente. E ela é carioca, então a entonação da história fica mil vezes melhor.

Para mim, não incomoda o “cheiro de bola”, mas a posição.

Sei lá, parece que você não curte direito o que está recebendo porque é preciso uma certa concentração para fazer sua parte do combinado, seja ela o 6 ou o 9.

Mas, retomando a epopeia da minha sexta-feira: naquela noite, fiz outras acrobacias e passamos rapidamente por essa matemática chata do sexo.

A verdade é que, às vezes, prefiro apenas o bom e velho sexo a inventar coisas para apimentar a relação.

O que são aquelas bolinhas que você coloca na vagina e explodem na hora de transar? É tanta meleca, e aquilo escorre por horas. Um horror.

Uma vez a namorada do meu amigo quis ser criativa: sexo com chantilly. Mas teve a brilhante ideia de espalhar tudo no corpo dele de uma vez e, só depois, ir lambendo. Ele me contando: “aquela coisa gelada começou a derreter e escorrer por lugares impróprios”.

Foi quase tanta estupidez quanto a de um namorado meu que quis brincar com Dantop. Mordeu a casquinha e passou todo o marshmallow no meu mamilo. Ow, aquilo não saía por nada. O garoto chupava, chupava e chupava tanto que até me entediei. Tive vontade de sugerir um lencinho umedecido para socorrer o garoto.

Sabe que me sinto meio velha para essas coisas? Será que sou careta? Acho que não. Ou pode ser que seja… Sei lá.

Mas qual o problema do sexo tradicional e bem feito?

Podemos inovar em posições, lugares, playlists, mas deixemos a gastronomia e a matemática de lado nessas horas.

Sexo combina com anatomia e ponto.