Em Londres, conheci um jovem estudante de 20 e poucos anos. Com seu iPhone de última geração, suas roupas moderninhas e seu temperamento extrovertido, ele parecia ter vindo do ponto mais contemporâneo de todo o nosso mundo ocidental capitalista.

Ledo engano.

Ele vinha de um lugar chamado Astana.

Alguma ideia de onde fica essa cidade? Uma dica: ela é a capital de um país.

Tá, vou ajudar: fica no Cazaquistão.

E agora? Localizou? Alguma ideia de onde fica o Cazaquistão?

Eu também não tinha. Fica ali perto da Rússia e da China.

Ele me disse que a capital do país era supermoderna, blá, blá, blá…

“Blá, blá, blá” porque enquanto ele tentava mostrar um pouquinho sobre a realidade das coisas, eu, como a maioria de nós, seres humanos, estava fingindo que o ouvia enquanto pensava: “imagina… aquele fim de mundo não pode ser tão moderno assim…”. Blá, blá, blá…

Mas, como sou curioso, naquele dia mesmo dei um Google: “Astana”. E, pasmem: o que ele falou realmente era verdade. O lugar parecia sair de uma cidade futurista ou de um mundo espiritual superior.

Mais ainda, a Casa Branca deles era muito melhor e muito mais branca do que a Casa Branca dos EUA. Ao compará-las, a Casa Branca americana parece ser uma casinha de brinquedo. Vejam as fotos!

Inacreditável, não? Como que existe uma casa branca melhor que a Casa Branca em um fim de mundo chamado Astana?

Agora nós, brasileiros, ou pelo menos a maioria de nós, que possui a tal da síndrome de vira-lata e uma idolatria cega pelos EUA, teremos que viver com esse choque de realidade: existem muitas casas brancas e nem por isso uma é melhor ou mais branca do que a outra. São apenas diferentes.

Da mesma maneira, temos a mania de achar que as famílias e os relacionamentos dos casais que conhecemos são sempre mais brancos que os nossos.

Cegos e talvez até invejosos, desconsideramos os problemas que inevitavelmente todos os casais passam na vida.

E o pior: além de fingir que acreditamos nessa falsa, branca e cristalina realidade que criamos para os outros, temos a tendência de colocar em nossos parceiros a culpa da nossa casa não estar tão alva e cândida assim.

Por vezes, de tanto cobrar e não atingir o inatingível, destruímos o relacionamento e perdemos o nosso companheiro ou companheira para sempre. Aí, sim, a nossa vida fica cinza, ou pior, fica preta.

E a vida real é colorida, com seus altos e baixos.

Em uma relação saudável deve-se amar o branco, o amarelo, o azul, o verde, o cinza, o preto, o rosa, o roxo, mas nunca querer viver em um mundo nada real de um branco mais branco.

Isso não existe e é sem graça.

Eu sei, nem sempre é fácil conviver com problemas reais. Mas assim é a vida!

E, se queremos viver com verdade, precisamos de cores. E não buscar a ideia fantasiosa do branco mais branco do vizinho, que nunca existiu para ele e que nunca existirá nem para você e nem para ninguém.

E isso não vale somente para relacionamento entre casais. Vale, principalmente, na sua relação com você mesmo.

Então chega dessa história de que a grama do vizinho é mais verde – ou que a casa branca dos neighbors é mais branca que a nossa.

Vivendo na colorida realidade, o caminho da felicidade fica mais atingível.

Ficou curioso para visitar Astana?
Veja fotos da National Geographic e dicas de turismo nessa cidade que mais parece uma mini-Dubai.