A moça vai casar e aquelas cor-de-rosices todas estão no ar: o vestido, a festa, as daminhas, o sabor do bem-casado, a gravata do noivo, o ipsis litteris da cor da fita que combina com as flores da mesa do bufê….

Que tal discorrermos, de fato, para a parte ululante (mundana ou devassa) que está por baixo dessa cinderelice toda: já deu pra ele, bela?

Sem pensamentos puritanos ou explicações: apenas explanações. Sem espaço para o mi-mi-mi virgem do assunto. Cada dama reserva para si o que quiser: a dor ou a delícia, sempre-combinadas-com-a-mais-louca-das-ansiedades de não ter a menor ideia do que vem pela frente (por trás ou pelo meio), ou o puro êxtase de saborear aquilo que sempre é bom demais – e de qualquer jeito – com o ser que você ama e deseja para sua vida toda.

Ou, em bom Português: vai casar virgem ou não, querida?

(Não, não responda ainda. A verdade é que nem me interessa).

Eu quero saber da despedida de solteira, da posição que você quer experimentar na lua de mel com a lingerie que custou a cara inteira. Vai ter brinquedinho erótico? Está super in algemar sua cara metade e fazer showzinho no pole dance? Isso sim é gente motivada.

Tá entendendo, moça? Esqueça as pressões das expectativas alheias. Politicamente correto? Blargh. O que VOCÊ quer pra sua vida? Pros seus dias e pras suas noites?

Gente motivada é o que me agrada. Pode até ser com cor-de-rosa e purpurina, com cheiro de tutti-frutti, tô nem aí. A motivação é o que me intriga.

Porque a vida é feita desse risco, da gana, do desejo, do frio na barriga, da criatividade, de novas ideias, da sede ao pote, da liberdade.

Menos “o que a sociedade espera de mim” e mais “o que quero fazer e o que me deixa feliz”.

Mais Nelson Rodrigues e Roberto Freire, menos conto da carochinha.

Tenho percebido uma falta de atitude e uma condescendência que me entristecem. Porque a mulherada quer ser modernosa, ter direito iguais, aquele blá-blá à la “Femen” mas fica perdida diante do “ser aceita pelo outro”.

Isso é tão triste… Que o outro se exploda! Tratemos o rito de passagem com sua devida importância, claro, mas sem hipocrisia, porque a liberdade precede a escolha (ou, pelo menos, deveria).

Um pouco mais de atitude pra si, porque as rapunzelices a gente vive na infância. O mundo real é um faz-de-verdade, não de contas.

Vale o embalo dos sonhos? Claro que vale! Mas um pouco de pimenta com calda de criatividade é o que as mulheres querem e do que gostam de fato (E. L. James que o diga).

Depois de 10 anos de casamento, um álbum de 650 fotos, a dívida do apê paga e uns quilos a mais na pança de alguém, o sonho está lá, concretizado e registrado. Mas a felicidade pede um “todo dia desde o sempre” quando almas, corpos e mentes se encontraram.

Por que raios, então, você está preocupada com o que os outros vão pensar? Se quer esperar o “sim, até que a morte nos separe” para chegar às vias de fato, legal. Se entende que o divórcio pode chegar antes da morte, e que esse papo de virgindade é ultra-mega-passado, ok.

Só não se prenda a um mero rito de passagem para abrir a porta da felicidade. Não as suas pernas, mente poluidinha. A sua felicidade, mesmo.

Ah, e não venha julgar azamigas que pensam diferente de você, tá bem?

Mire seus esforços na vida como ela é, todos os dias, com a motivação do prazer, do afeto (a tal plantinha que se rega todos os dias), do tecer uma colcha de retalhos a dois… Não espere que a sociedade balance sua cabeça julgadora de aceitação. Aceite seus desejos, porque eles precedem sua condição humana. Pelo menos, também deveriam.

Mocinha: motive-se!

A vida é mais que o vestido de princesa, my dahhhhhling.