Perdi minha avó.
Ela já não estava bem, então esperava que isso acontecesse.
Mais cedo do que mais tarde, inclusive.
Mas eu não estava preparada – e acho que nem é possível estar preparada.
Precisei de pouco mais de uma semana de reclusão para processar o impacto dessa perda.
E sabe o que é pior?
Até nessa hora veio um bando de gente cagando regras (desculpe o termo).
Escutei: “você precisa ser forte”, “não derrube lágrimas no caixão”, “se você ficar sofrendo, ela vai ficar presa aqui”.
Puta merda (desculpe o termo again, mas precisamos de palavrão para extravasar certas coisas). Que “deus” é esse que não me deixa chorar loucamente pela perda de uma das mulheres mais importantes da minha vida? Que vai destiná-la ao purgatório porque sua neta está triste com sua partida?
Eu sou assim: preciso viver o luto, chorar até secar, me permitir a tristeza profunda por uma semana para, depois, encarar um mundo sem minha vó. Então me deixem!
Não estou fazendo mal a ninguém e o MEU Deus me entende, porque Ele é um cara bacana e não faria uma pessoa com Alzheimer sofrer mais depois de ter partido. Nem colocaria isso na minha conta.
Tenho me afastado cada vez mais de certezas e radicalismos. Ficar presa a certas crenças é muito doido para mim. Pode isso, não pode aquilo.
Acredita que, no enterro, até impediram uma tia-avó de visitar o túmulo do marido, que está no mesmo cemitério? Porque você não deve “aproveitar” a ida para dar uma passadinha em outro túmulo. Como assim?! Deixem a mulher falar um oi para o falecido, ele não vai se ofender.
O mundo seria mais simples se tivéssemos menos certezas…
Se parássemos para analisar que mal REAL há naquilo que estamos julgando.
“Ai, ela fica chorando e vai prender a alma da fulana aqui”. Mais do que pensar na alma da fulana, parece que o latente é a vaidade de disseminar o que é sabedoria para você – e piorar a vida de alguém que já não está em um dia bom.
Se você realmente acredita nisso, e quer ajudar de verdade, vá para casa e reze com toda sua fé para o espírito encontrar paz e a pessoa que ficou encontrar conforto. Ou sei lá o que sua religião pregue na hora da morte.
Ai, gente! Já é tudo tão difícil. Acho que enquanto eu estiver “pecando” no meu quadrado sem machucar outra pessoa, let me go. Não matando ninguém, não fazendo mal para ninguém, é vida que segue.
Gosto de viver como aquela música do Los Hermanos: “faço o melhor que sou capaz, só para viver em paz”. O que estou fazendo é um bom exemplo para meu filho? E, aí, reflito.
Quanto aos outros, eles que segurem a onda deles. Só a minha e da minha família, está difícil dar conta.
Então, para o resto, desejo que sejam felizes e livres.
E que tenham, como eu, a consciência tranquila.
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