O que se passa quando homens se ajuntam é fácil saber: eles externam facilmente seus desejos sexuais. Expressam sem medo suas criatividades. Ah, e exibem seus times de futebol.

Quando amigos, geralmente são fiéis uns aos outros. Ostentam suas conquistas materiais. Dizem lidar bem com o sexo oposto. Gabam-se de suas forças físicas e intelectuais. Sabem também defender com unhas e dentes suas próprias convicções. E, se interessados ou ameaçados, protegem bem suas famílias, mulheres e amigos.

Muitos vão concordar que a maioria dos homens são fáceis de lidar. São simples, práticos, despojados, sem frescuras, não dados a picuinhas e não guardam rancor por muito tempo (lembrando que há exceções, claro!). Ser macho é bem legal. Só que é difícil.

O que se passa no interior dos homens é complexo decifrar. Se você já for um trintão, há de concordar que boa parte dos homens não sabe lidar habilmente com as coisas do próprio coração. Com as crises emocionais. Com as paixões. Com as doçuras da vida. Alguns, inclusive, desconhecem palavras como sensibilidade, ternura e brandura – “coisa de mulher”, dizem.

Foram ensinados que homem que é homem não chora.

Que homem que é homem não brocha.

Que homem que é homem não ama com o sentimento, mas com a razão e o tesão.

Que é vergonhoso não ser bem sucedido financeiramente.

Que é humilhante ter que compartilhar as dores.

Que é besteira fazer papel de romântico.

Instruídos não para meditar, e sim realizar. Domesticados para serem sempre fortes, nunca vacilantes. Forçados à ideia de que homem que é homem deve ser HOMEM, jamais menino. Assim, ser macho é ser bem forte. E solitário demais.

Ainda que os homens frequentem grupos com outros rapazes, dificilmente vão comentar sobre suas próprias crises interiores. Só que a bad uma hora chega pra todo mundo. E, quando acumulada, ela não apenas se instaura, mas permite que os homens se tornem agressivos. Há uma cultura da agressividade que afeta o masculino. E como ficar livre disso? Ah, responder isso daria um livro, uma palestra, uma tese de doutorado, uma vida toda pra entender.

Ajuda muito saber que nós, homens, precisamos nos permitir as lágrimas, as dores, os fracassos, os abraços.

Aceitar que somos de carne e osso. Que não é feio ser gente simples. Que não é proibido cair pra levantarmos mais fortes. Que brochar não significa a perda da virilidade. Que não conseguir amar não é motivo para desistir do amor. Que fraquejar não é coisa apenas para meninos. Que sonhar não deve se restringir às histórias da Disney. Que pedir ajuda não diminui nossas forças. Que não fomos feitos para sermos sozinhos. Que a agressão não compensa, jamais.

Homem que é homem é forte o suficiente para nunca andar sozinho.