Pesadelos estão no topo da lista de coisas que não suporto.
E estou começando a desconfiar que quanto mais odiamos algo, mais esse algo acontece.
Sonhos ruins me acompanham desde criança. Não eram tão terríveis como são hoje com alienígenas, demônios, ladrões, paralisia e cheios de sombras. E eu não acordava gritando.
Nem pesquiso mais sobre significado dos sonhos, pois já estão tão absurdos que me recuso a imaginar que tenham algum sentido. Insisto que são só fruto de uma mente cansada e cheia de informações.
De acordo com minhas previsões sonhadas no último dia 31 de dezembro, o mundo acabaria no último dia 31 de janeiro.
No seu mais alto estilo History Channel, um alien verde e cabeçudo desceu de uma nuvem e veio me dizer que o fim do mundo seria em 30 dias. Antes, como anúncio, teríamos um vendaval, um terremoto e um temporal.
Se você lê este texto, já sabe que o mundo, obviamente, não acabou, apesar de termos tido todos estes fenômenos registrados em algum lugar, em maior ou menor gravidade.
Sonhar com o fim do mundo na véspera do fim do ano me deixou assustada, especialmente quando tivemos um blackout das 23h às 2h e celebramos o ano novo no escuro. Mas acabei esquecendo quando raiou o sol em 1º de janeiro.
Semana passada, lá veio o pesadelo de novo.
No cenário estava a queda de um meteoro ao lado do meu carro, milhares de aliens que desciam do céu com parapentes brancos e meu marido todo empipocado de alergia, o que nos fazia correr para a farmácia mais próxima que estivesse aberta às 23h, para comprar antialérgicos antes que todos descobrissem que o mundo estava acabando e saíssem enlouquecidos.
Acordei preocupada. O tempo estava acabando. Já chegaríamos em 31 de janeiro.
Decidi dar um Google: “sonhar com fim do mundo”.
Para minha feliz surpresa, apareceu que pode significar o fim de ciclos e a entrada em território desconhecido. E isso até que faz sentido em um começo de ano, troca de trabalhos e busca de novos objetivos. Ufa!
Entendi que o mundo acaba todos os dias.
Nas injustiças que não vemos, nas pessoas que perdemos, nas vidas que deixamos de amar. Percebi que o fim do mundo é o medo do novo, daquele lugar nebuloso no qual travamos nossas lutas diárias sem saber ao certo o que nos espera ao virar a esquina. Um assalto, um pedido de ajuda, um alien oferecendo uma flor?
Por isso, quando acordo, tento sempre lembrar que não tenho medo da morte e sim do desconhecido. E peço coragem para enfrentar todas as batalhas que preciso, dia a dia.
Que o fim do mundo hoje seja o nascimento de um mundo melhor amanhã.
Que depois de um pesadelo sempre venha um sonho.
Em meio a tudo isso, lembro de Mário Quintana, com sua tranquilidade, poetizando o inevitável:
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