Antes de mais nada, saiba: meu profundo desejo é que você tenha clicado neste link por engano. Que as dicas aqui contidas sejam óbvias e bobas para você.

E para todos os que o cercam, claro. Do contrário, talvez esteja aí o motivo pelo qual clicou.

Então, meus pêsames e boa leitura. Força. Estamos juntos nessa.

Não é novidade que Facebook, Whatsapp, Instagram e outras ferramentas de comunicação online têm conquistado significativa parte de nosso escasso tempo diário. Acontece que relacionar-se – seja real ou virtualmente – é algo complexo e demanda certas regras de etiqueta, para que o convívio social seja agradável. Ou, pelo menos, suportável.

Egoísmo, autopromoção, superficialidade, falta de respeito e muitos dos comportamentos que incomodam no mundo virtual existem desde sempre em nosso cotidiano real, onde igualmente molestam nossa paz.

Mas parece que algum tipo de “liberdade sem fio” acontece quando se está online: as pessoas se acham no direito de ignorar o básico da noção.

Quem nunca ouviu falar de uma briga que começou numa rede social? Quantos desentendimentos, muitas vezes frutos de má interpretação textual, surgiram em comentários de um post? Com que frequência aparecem desabafos ou indiretas sem destinatário, na rede, como que denunciando a total carência de amizades reais do sujeito em questão?

Para evitar gafes, inimizades e desafetos, eis algumas sugestões de conduta:

  1. Preserve sua privacidade. Da foto que você usa como perfil ao conteúdo que publica: seja cuidadoso e criterioso. Jamais divulgue dados pessoais, pelamordeDios. Evite fazer check-ins em locais que costuma frequentar. Telefone e endereço de casa, nem pensar. Pessoas mal-intencionadas usam a rede para monitorar potenciais alvos, e você não quer ser um deles – acho eu.
  1. Não use seu mural como diário. Numa rede, você não fala sozinho. Você dialoga. Compartilha conteúdos que possam interessar a outras pessoas. Se você está com fome, raiva ou dor de barriga, dificilmente alguém poderá solucionar seu problema, meu bem. A mesma lógica vale para desabafos. Sua dificuldade não será resolvida se você fizer um post sobre ela. Que tal procurar um amigo que possa ajudá-lo?
  1. Curta e comente com moderação. Você não é obrigado a curtir e a comentar tudo, toda hora, de todos, só porque são seus amigos. Avisa isso para a sua tia. O silêncio é super bem-vindo na rede, sem problemas. A menos que tenha visualizado uma mensagem particular. Nesse caso, é falta de educação não responder. Falando nisso, se for comentar, é de bom tom também curtir a publicação. Pessoa mais inconveniente, essa que comenta ou compartilha – e se esquece do básico “curtir”.
  1. Dê “bom dia” pessoalmente. Grupos de Whatsapp e de Facebook são utilizados para comunicar algo importante para todos os membros do dito cujo. Mãe e filha que moram juntas, por exemplo, não deveriam usar o grupo da família para dizer “Bom dia!” uma à outra. É bem desagradável receber notificações de mensagens não direcionadas a você, em grupos. Lembre-se: você vive no mundo real, e se tem dado mais atenção aos amigos do Whats ou a Pokemons do que a vizinhos ou colegas, algo está bem errado com seus critérios.
  1. Filtre correntes e denúncias. Já é hora de você saber – e lamento ser eu a portadora desta notícia: correntes de internet dificilmente são verdadeiras. O mesmo vale para denúncias, pedidos de doação e pessoas desaparecidas. Busque saber se a fonte que publicou o conteúdo é confiável. Ficou na dúvida? Não repasse. Entendeu? NÃO REPASSE. O mesmo vale para aquelas alienações terríveis de “marque 13 mães maravilhosas que você conhece #tenhofilhoslindos” ou “poste uma foto que faça você se sentir poderosa #eumeamo”. Não é preciso ser muito esperto para notar que você está colaborando para um arsenal de fotografias de cunho sexual – ou de exposição de crianças – organizado e categorizado por hashtags. Um verdadeiro banco de imagens gratuito produzido por inocentes progenitoras e tchutchucas poderosas. Não se sinta pressionado por esse tipo de babaquice. Se quiser muuuito participar, no mínimo, tenha sabedoria na escolha das fotos publicadas. E, claro, arque com os riscos e consequências da exposição.
  1. Cuidado com conteúdo chocante. Pode ser que você não se importe em ver pessoas ou animais mortos, mutilados ou em estado terminal mas, no geral, esses conteúdos incomodam e podem até ser denunciados como impróprios. Evite curtir vídeos e fotos desse tipo, pois eles aparecerão na linha do tempo de seus amigos.
  1. Polemize com respeito. É maravilhoso o espaço para debate que se criou com as redes sociais. Se tem uma opinião – política, religiosa, futebolística – e quer dividi-la com seus seguidores, você tem esse direito. Só não se esqueça de acrescentar nas suas declarações uma bela dose de tolerância e de educação. Cuidado com generalizações, preconceitos e discriminações de todo tipo. Os outros podem pensar diferente de você.
  1. Solicitações de jogos, não! Alguns aplicativos convocam e provocam você a enviar solicitações de jogos à sua lista de amigos. Prestenção, colega: é extremamente desagradável receber esse tipo de mensagem, se você não é adepto ao jogo. Envie solicitações somente a quem você sabe que também gosta de jogar, como você. Pela atenção, obrigada.
  1. Use hashtags Hashtags são etiquetas que sempre começam com o símbolo “#” e trazem expressões relacionadas a determinado assunto. Muita gente acha que é um estilo de linguagem, e sai usando de qualquer maneira. Mas hashtag é ferramenta. No Facebook, no Twitter e no Instagram, por exemplo, se você digitar um “#” seguido de alguma expressão, sem espaço entre as palavras, poderá clicar sobre a hashtag e ver todo o conteúdo recente publicado sobre o mesmo assunto. Em resumo: não as use sem propósito. Quer pagar de tecnológico, vai usar o Snapchat.
  1. Pense duas vezes. No calor do momento, você posta uma indireta. Um amigo que não era alvo do seu desabafo pensa que é com ele, e comenta seu post, decepcionado. Pronto. Bola de neve. Para evitar conflitos e confusões, reflita se o que você quer dizer pode ser mal interpretado. Respire. E, de preferência, economize o botão “publicar”, se estiver de “cabeça quente”.

Precisamos nos lembrar de que nossos perfis em redes sociais também testemunham sobre nós. Contra ou a favor. Mais que isso, são vitrines evidentes do nosso caráter.

Que tipo de mensagem estamos transmitindo com nossas publicações? Será que nossas fotos de perfil evidenciam nossas melhores qualidades ou são apenas mais uma selfie com biquinho? Aquele recrutador nos contrataria com base na carência emocional e imaturidade que demonstramos em nossas timelines? Que som tem ecoado de nossa presença online na vida de quem nos rodeia?

Antes de publicar, que possamos refletir: “Eu falaria isso pessoalmente?”, “Gostaria de ler isso sobre mim?”, “O que eu tenho a dizer interessa para outras pessoas?”, “Estou me expressando de maneira agressiva ou preconceituosa?”.

Que todas as redes – virtuais e reais – sejam ferramentas para dividirmos bons momentos, contemplando nas vidas uns dos outros a beleza de sermos, simplesmente, que, somos.

Nem mais, nem menos.

 

Veja aqui o perfil dos 5 chatos das redes sociais – se é que você já não os conhece.