Amiga, senta, que lá vem história.

Você lembra que te contei o começo do meu romance caliente com o Victor, né?

Naquela primeira noite juntos, dormimos às 6 da manhã e eu, que tinha um passeio no Desierto Florido marcado para as 8:30, tive que abortar conhecer a parte turística da região. É, vou ter que voltar pro Chile algumas vezes.

Bom, já que eu tinha decidido ficar, aproveitamos beeeeem a manhã juntos.

A química que rolou entre a gente era realmente incrível…

Ao meio-dia, levantamos e ele teve que ir trabalhar.

Fui a pé até um parque da cidade e caí dormida na sombra de uma árvore. Acordei com um cachorro vindo dividir a sombra comigo, e olha que a árvore era pequena. Só rindo! A exaustão era gigantesca, mas o sorriso bobo também.

No fim do dia, tomei banho e fiquei esperando no hotel… nada.

Dormi.

Às 22:00, alguém bate na porta. Vou abrir e tem um lindo me olhando com cara de inocente.

Ele me dá uma barra de chocolate como pedido de desculpas pelo atraso. Eu me derreto na hora.

Ele entra e ficamos conversando sobre o que fazer: dançar, tomar algo em um bar ou ir no rio?

No rio? É, ele acha que eu vou gostar.

Só pede para eu colocar uma calça e levar um casaco, afinal, lá faz frio.

Coloco uma calça de academia. Ele olha pra mim e faz que não com a cabeça. Diz que assim não vai dar pra andar do meu lado, e que não ia me defender se fosse atacada por outros rapazes.

Ok, ok, é nossa última noite juntos e resolvo não discutir.

Visto a calça de trilha, suja de 10 dias. Azar dele! (Muito tempo depois ele vem me falar: “tinha que ter me interessado por você antes… A calça de trilha suja nas 2 noites que ficamos juntos foi demais”). O mais engraçado é que ele não estava sendo irônico. Eu não podia esperar nada muito diferente de um guia de escalada.

Paramos num restaurante vegetariano e compramos comidinhas pra levar.

Quando vejo, estou num carro velho, com um estranho, indo pra antiga estrada que ligava a Argentina ao Chile… Que loucura!

Paramos na beira do rio, do lado de altas montanhas.

Quando olho para o céu, que espetáculo sensacional! Não dá para ter ideia que existe tanta estrela assim.

Victor estava certo, eu amei.

Ele colocou música e deitamos no isolante. Abraçados, comendo algo, vendo as estrelas, conversando…

Foi bizarro descobrir que ele sabia tudo o que eu fazia. Desde o primeiro dos 14 dias da expedição que fizemos juntos até o Vulcão Ojos del Salado, acompanhava todos os meus passos. E eu pensando que fantasiava sozinha…

Voltamos pro hotel e passamos a última noite juntos. E QUE NOITE…

Acordamos tarde no dia seguinte, e eu já precisava ir. Ele me levou para devolver o equipamento alugado e depois pro aeroporto, parando no caminho para um sorvete maravilhoso.

A despedida foi doída. Eu chorava, pra variar, mas muito do desespero era de voltar para SP. O coitado não sabia o que fazer comigo. E assim foi. Ou melhor, fui.

Voei pra Santiago e, chegando lá, recebo a primeira, de várias mensagens: “espero que você não esteja sentindo tantas saudades como eu”.

Amiga, ficamos assim, falando direto por mensagem. Quase que desesperadoramente. Todos os dias.

Conversa vai, conversa vem, soube que Victor ficaria livre na quarta-feira, véspera do Carnaval. Na quinta, recebo um SMS: “comprei as passagens, chego aí amanhã às 20:07”.

Ele vem pra cá?!? MALUCO!

Sexta-feira, véspera de carnaval, a sua amiga sai do trabalho às 17:00, para garantir chegar no aeroporto a tempo.

As 3 horas de trânsito que seguramente me causariam stress? Não foram nada! Estava tão feliz, que todo o resto era um mero detalhe.

Calma, que já já vou te contar como foi o Carnaval mais delicioso da minha vida.