Minha sobrinha noivou…
Aquela prima virou mãe…
Um amigo perdeu a dele…
Outra querida, o pai…
Tantas coisas maravilhosas e um bocado de tristes aconteceram ao longo deste ano (assim como em todos outros, óbvio!). Mas, sinto que ultimamente tenho perdido muitos desses momentos essenciais com as pessoas que amo.
Sim, porque olhando no calendário, vejo que cada vez mais, consegui menos estar lá, participando das cenas mais incríveis (ou das mais horríveis) que aconteceram na vida dos meus queridos.
Eu me culpo? Sim, e muito! Poderia ter feito diferente? Talvez.
E por que não mudo?
Simplesmente porque às vezes estou tão envolvida no meu mundinho repleto de coisas do trabalho, casamento, faculdade e de casa, que quando vejo… pronto, já passou o momento.
Claro que eu sei que nem sempre a gente vai conseguir ser presente como gostaria. Tento balancear essas crises dizendo a mim mesma que é uma fase e que vai passar. Até porque, assim como qualquer ser humano decente, eu me esforço para estar lá no “momento especial da pessoa querida”.
Mas, a pulga atrás da orelha é saber que: justamente aquele momento, o que vai ficar guardado pra sempre, é o que vai mostrar que talvez em um determinado dia eu tive que escolher outra prioridade. Não deu tempo de fazer tudo. E, em alguns casos, isso é horrível!
Não digo que algumas ausências não sejam justificadas. As dos momentos que mencionei acima, por exemplo, para mim, foram sim, e muito! Pelo menos, porque na maior parte eu estava sendo comprometida com outras pessoas ou comigo mesma.
A questão é que, depois de um tempo, olho para essas situações e penso se realmente fiz tudo o que podia.
Será que era viável ter ficado 24 horas acordada naquele dia para ir ao velório? Ou desistir de uma viagem programada há tempos para poder participar daquela festa que surgiu de última hora? Não sei…
Às vezes, imagino como seria ter um dia com mais alguns 60 minutos. Cogito me tornar uma daquelas pessoas que dorme menos de quatro horas e que, além de ficar bem, ainda faz de tudo: malha na hora do almoço, sai pra passear com o cachorro três vezes ao dia, entrega as coisas antes do prazo, se programa, faz mais do que o planejado. Mas, na boa, isso não é para mim. E também não quero ficar comparando a minha vida com a de ninguém.
Odeio quando alguém vem me dizer: “Nossa, mas se você já se sente sobrecarregada sem ter filhos, imagine quando tiver, então”. Sim, é justamente por isso que eu não tenho. Porque eu sei da responsabilidade que é.
Enfim, fato é que diariamente vejo que muita gente anda como eu, sentindo não ter tempo suficiente para realizar tudo o que gostaria.
Há quem diga que a falta de tempo não existe, e que basta a gente priorizar e se esforçar para fazer o que precisa. Não sei se acredito nisso. O que sei é que tento me fazer presente em tantos momentos… E, ainda assim, sofro por saber que a ausência em determinados dias também será necessária. Sinceramente, ainda não consegui encontrar um jeito de lidar muito bem com isso.
Continuo querendo ter mais tempo.
Ou, então, ser tão sábia quanto essas pessoas que dizem que é possível, sim, fazer de tudo. De qualquer forma, sigo tentando aproveitar cada minuto ou, pelo menos, querendo lidar melhor com as minhas escolhas.
*O título desse artigo é uma homenagem a uma das melhores canções de Caetano Veloso, Oração ao Tempo, que obviamente trata do tema. Recomendo gastar uns minutinhos com ela!
Você também tem agonia ao perceber que o tempo está passando rápido demais? Como você lida com isso? Comenta aqui pra gente trocar experiências.
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