Minha transição de carreira começou sem respostas óbvias nem caminho claro.
Sabia apenas que havia chegado a hora de me jogar na busca pelo meu propósito. Com isso, munida de um planejamento que me daria sossego financeiro por um tempo, me lancei rumo a uma jornada que não seria rápida, muito menos simples.
Considerei esse período como um ‘ano sabático’ para melhor aceitar que eu estaria sem respostas por algum tempo. Me dei alguns meses de puro prazer, para não cair na tentação de colocar minhas energias no primeiro projeto paralelo que aparecesse – e assim provar ao mundo a minha empregabilidade ou o valor do meu potencial.
Mas, como previa, meu siricutico por fazer algo logo despertou. E as tentativas de silenciar minha mente perderam espaço para as inúmeras perguntas de minha alma impaciente.
Com toda minha determinação taurina (de onde herdei o pão-durismo de não querer ver as reservas escoando), comecei uma lista de novas possibilidades profissionais. Como gosto de fazer muita coisa, a lista ficou IMENSA. Ótimo, problema aparentemente resolvido. Só que não.
Sem conseguir gostar profundamente de nenhuma das opções (!!) e em guerra com meu exigente juiz interno, pensei: PRECISO É DE UM COACHING DE CARREIRA.
E assim fui em busca de quem seria o santo milagroso que me acompanharia por 10 famigeradas sessões, não sem antes fazer uma criteriosa pesquisa entre profissionais de diversos perfis, valores e metodologias (o que, aliás, super recomendo para sentir se o profissional é compatível com suas ideias, ritmo e jeito de ser).
Profissional escolhido + agenda e espaço psíquico liberados: bora dar início às sessões! Que começaram de forma empolgante, pois, como pessoa que ama um autoconhecimento, o mergulho em minha essência mostrou-se prazeroso e revelador.
Mas depois a coisa complicou. No meio do processo, me deparei INFALIVELMENTE com o tenebroso momento de elencar as possibilidades que seriam lapidadas com a ajuda do coach.
Ou seja, eu TINHA que escolher alguma coisa. Algum caminho.
Mas, peraê. Eu estava fazendo COACHING, ora. Para quê sofrimento? Cadê aquele exercício maroto, aquele teste de revista que vai me mostrar onde estão meus potenciais e me jogar no colo uma nova carreira linda de viver para eu começar a me dedicar agora?
Nada. Nem de teste, nem de resposta. Percebi que a responsa era minha mesmo, de listar meus anseios, quereres e habilidades para, então, conectá-los com minha essência.
Ok, tá bom. Então que horas desce do céu aquele raio de luz divino que cai sobre a minha cabeça e me mostra se eu devo abrir uma escola ou uma agência de viagens, ser apresentadora, pesquisadora, dançarina ou consultora?
Não que eu tivesse alguma pretensão de delegar aos outros a decisão do meu destino. O problema não era falta de opção – e sim de decisão.
Mas, de repente, percebi que estava esperando a validação vir de fora para me sentir confiante com alguma escolha. Seja divina ou na forma do suposto santo que elegi para tolerar meus devaneios e expectativas ingratas.
Hora de olhar para dentro e eliminar uma a uma as possibilidades da imensa lista mapeada. Não porque não me serviam. Mas porque os anseios por algo muito maior sequer estavam nela. Hora de eliminar a resistência e aceitar o convite de um caminho incerto, que não só já havia batido à minha porta como me chamava para sair há algum tempo.
Aprendi, assim, que Coaching não faz milagres. Não tira a resposta de dentro de você.
Coaching tira da sua frente o que você não quer fazer. O que não cabe, o que não está compatível. E organiza o que está. Depois, a escolha é sua.
Minha transição de carreira continua sem respostas óbvias nem caminho claro.
Mas, graças ao Coaching, enxergo com novos olhos a decisão de que minha carreira será um grande patchwork, uma colcha de retalhos maravilhosa, plural, colorida e multifunções. Ideia com a qual me identificava, mas que só o Coaching me ajudou a aceitar.
Não tem milagre. Tem autoconhecimento, mapeamento de quem você é e de como você funciona.
O resto é com você.
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