A gente cresce ouvindo aquelas histórias sobre maturidade, de como a gente ganha perspectiva à medida que envelhece. É engraçado como esse tema vem passeando pela minha cabeça, indo e vindo, já há algum tempo.
Quando eu tinha 20 anos, achava uma chefe que tinha 27 supervelha. Daí eu cheguei nos 27 e continuei me sentindo nova. E faz 10 anos que eu tive 27. O número do último aniversário, se eu for pensar em tudo o que a gente constrói sobre idade, deveria me assustar. 37 anos é madura, já?
Pense num escritório em que a idade média das pessoas é vinte e poucos. Galera completando 30. Faz tempo que eu fiz esse aniversário aê. Estou na leva seguinte, a leva dos de quase 40.
Quase 40. o_O
O peso da ideia plantada, mais uma vez.
Eu peso hoje, talvez, uns 6 ou 8 quilos a mais do que pesava aos 24. Eu era absurdamente encanada com meu corpo aos 24. Não admitia biquíni e praia. Tinha vergonha, fazia dietas absurdas, era obcecada com estrias e celulites. Eu certamente tinha aos 24 anos um corpo muito mais de acordo com os “padrões” do que tenho hoje.
Há dois anos eu comprei uma calça, em uma viagem. Eu estava 4 quilos mais magra, e lembro que parei de usar a calça quando engordei esses últimos quilos. Ficou jogada no fundo do armário, esperando eu emagrecer de novo. Ontem vesti a calça e ela estava perfeita! Não ficou justa, não ficou estranha, eu poderia ter usado quantas vezes eu quisesse nos últimos dois anos. O que houve comigo?
Acredito que depois dos 30 anos, e eu nem sei exatamente se é aos 30 ou se foi só comigo (espero que não), a gente se respeita mais.
Eu notei esse início de onda que vem aumentando ainda mais de lá pra cá.
Não comecei nenhuma dieta, não me matriculei na academia, não ganhei músculos, não fiz nada que mudasse fisicamente a minha aparência. Ou fiz? Descobri um corte de cabelo e fiz dele quase que uma assinatura. Comprei umas roupas que me vestiam diferente. Não mudei de estilo. Ontem eu usei cintura alta e sapatilha, hoje estava de jeans e tênis. Batom ou cara lavada. Não é o que eu visto.
É não parar em frente ao espelho pra olhar se tem alguma coisa fora do lugar, ou se aquele jeans favorece. É saber, sem nem precisar de espelho, que eu estou bonita, pra mim.
É dar uma risadinha quando um colega de trabalho te diz que prefere você sem franja. Agradecer e dizer que você se prefere com franja. E vida que segue.
É como se a cabeça se ajustasse. E quando a cabeça ajusta, o resto ajusta junto. ~Num passe de mágica.~
Eu não consigo convencer a menina bonita de vinte e poucos anos do escritório que ela não precisa parar de comer pra caber no vestido de noiva. Que o vestido pode se ajustar a ela, e vai ser maravilhoso. Eu não consigo dizer pra outra menina bonita para parar de pular almoço e tomar shake, porque ela está ótima e não tem nada de errado ali.
Eu só posso observar, e torcer pra que em alguns (poucos) anos, essa mágica sem explicação que aconteceu na minha cabeça aconteça para elas, e consigam se enxergar como elas já são.
Nesse meio tempo, eu continuo aproveitando essa onda de autoestima boa. Que eu não consigo creditar a nada que não seja o fato de eu estar com 37 anos, e ter finalmente me aceitado como eu sou.
A vida vai ótima.
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