Inteligentes são seres inquietos e até irritantes. Como lidar?
Donos de uma percepção do mundo fora do comum, observam muita coisa ao mesmo tempo. Processam rápido as informações. Têm pressa de viver.
A Psicologia deve explicar por que homens e mulheres de Q.I. elevado abominam lidar com a lentidão dos outros. Querem morrer quando alguém não entende uma ironia. Lutam para conviver em sociedade sem parecerem intolerantes. E, nisso, falham miseravelmente.
Imagine uma situação hipotética: a garota está empenhada em desenvolver um raciocínio complexo. O rapaz inteligente já percebeu onde ela quer chegar. Na metade da explicação, ele interrompe seu discurso e completa sua frase. “Já entendi”.
É quase uma violação do pensamento alheio essa habilidade nata de concluir antes que se explique.
Coisa de gente inteligente, sim. Mas também insensível, vamos combinar.
Ainda que para os sapiosexuais não haja nada mais atraente, essa atitude beira à falta de respeito na visão dos que não pertencem à azucrinante casta de Q.I. elevado.
Para os inteligentes, é uma questão de educação: se já entenderam, por que fazer os outros gastarem tempo e energia numa explicação? Ainda mais se ela é tão simples?
Cabe aqui uma diferenciação: não confunda “inteligentes” com “esforçados”. É uma ofensa grave aos primeiros. Esforçados são aqueles que tiram notas boas e prosperam em suas vidas por empenho. Ralam. Suam. Comprometem-se. São diligentes.
Diferentemente dos esforçados, os inteligentes têm uma habilidade natural: raciocinam rápido. Bem mais que a média. Leem cenários com extrema facilidade. Calculam hipóteses e probabilidades. Decidem logicamente. Não necessariamente precisam de esforço. Vieram assim de fábrica. Não podem lutar contra sua natureza sapiente.
Tente recordar de alguns dos coleguinhas “terríveis” que conviveram com você no colégio. Ou dos nerds avacalhados que sofriam bullying diário na primeira fila. Possivelmente, esses seres esquisitos faziam parte do seleto grupo que calculou a hipotenusa bem antes do término da explicação do Teorema de Pitágoras.
Ou que aproveitou a eternidade da chamada para ler sobre o descobrimento da América e “magicamente” respondeu “Cristóvão Colombo” à óbvia pergunta do professor.
Ou que acabou a tarefa antes do terceiro Rafael responder “eu!” e, impacientemente, resolveu usar o tempo para jogar papel no coleguinha, escrever poemas, fazer uma caricatura do professor, trocar bilhetes com a amiga confidente.
Os inteligentes encantam e, em geral, são atraídos por seres de iguais propriedades afrodisíacas. Ah, sim, a sapiossexualidade. Para esse grupo, a capacidade intelectual é altamente excitante. Muito mais que um rostinho bonito ou um corpinho sarado.
Pode ser uma Angelina Jolie. Se não souber manter uma conversa bacana, não dá liga com um Tom Hanks. Da mesma forma, Marília Gabriela nenhuma se anima muito em gastar tempo com um Rodrigo Santoro vagaroso. Gente devagar cansa. Gente competente atrai.
Porém, quando a inteligência não vem acompanhada da empatia, a chance de virar soberba é enorme.
Empinou o nariz, já era: saiu do clube dos inteligentes e entrou no dos babacas.
Paciência é uma virtude rara aos inteligentes, aliás. Seus pensamentos são acelerados e, portanto, exigem altíssima velocidade de processamento quando expressos. Não entendeu? Ai, que preguiça de explicar.
Em resumo: seres inteligentes agonizam com a incompetência da média populacional em acompanhar seus brilhantes e supersônicos raciocínios. Sacou agora? Putz. Não?
Peraí, vou desenhar: vi = ∆s/∆t, onde v = velocidade média de raciocínio do inteligente, ∆s = espaço mental percorrido e ∆t = intervalo de tempo.
Ainda não? Beleza. Tchau.
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