Coisas ruins acontecem o tempo todo, certo? Comigo, com você.
Me intriga que alguns amigos já estejam amaldiçoando 2017: “Esse ano não tá de brincadeira”. Curioso. Muitos deles postaram, há pouquíssimos dias: “2016, acabe logo”.
O lance é que os anos não são vilões que querem nos sabotar.
Minha turma já está na casa dos 30+. Nessa fase, é triste, mas muito mais gente que conhecemos adoece e/ou morre. Nossos ídolos estão velhos. Adoecem. Morrem.
Somos oficialmente adultos, alguns já passaram da fase dos pets e estão reproduzindo mini-humanos. Temos contas para pagar, alugamos ou compramos casas, temos carros, temos chefes. Logo, muito mais merda acontece ao nosso redor envolvendo uma dessas variáveis.
Olhem só, peguem meu exemplo. Sempre achei que os anos pares me beneficiavam. Em anos ímpares, coisas péssimas aconteceram. Em 2003, meu namorado terminou comigo para ficar com uma loira magra (problemão, na época), meu avô morreu, peguei recuperação na facu, fiquei doente. Em 2013, o fogão explodiu na minha cara, mudei de casa e os caras da mudança deixaram uma torneira aberta que acarretou numa conta de água de R$2 mil, minhas cachorras brigaram de parar no hospital. Decidi que em 2023 vou hibernar.
Mas, ano passado (ano par), meu amigo, também não foi nada fácil. O portão da minha casa caiu, minhas cachorras voltaram a brigar, enfim… shit happens.
Este ano começou especialmente ruim, também, para mim. Minha melhor amiga perdeu a cachorrinha de modo trágico, minha avó se foi, meu amigo foi atropelado… shit happens.
Shit happens em anos pares e em anos ímpares. Percebe?
Tenho uma amiga otimista que sempre diz: “este será o MEU ano”. Se ela espera uma jogada do destino que a deixará rica, não sei, mas pode se frustrar. Ela já tem um marido que a ama, ela também ama o marido, tem uma cachorra fofa, uma casa quitada, os dois trabalham, acho que já está bacana.
Eu decidi, desde quando engravidei, que colocaria em prática muitos discursos. Meus discursos precisariam passar a ser exemplos. Tirei malas de roupas, bolsas e sapatos do meu armário para doar. Passei a comprar roupa uma vez por ano, na promoção. Comecei a fazer escolhas mais pensadas no meu dia a dia e estou com um projeto de mudar para uma casa de 57 m² e ter apenas o que couber lá.
Quero que meu filho saiba que pode viver bem com pouco. Talvez isso faça com que eu, o pai dele e ele não fiquemos esperando que este ou o ano que vem seja nosso ano de sorte.
Todos serão, porque estamos juntos, porque toda pequena conquista deve ser comemorada e porque, quando algo triste acontecer, teremos nosso ninho para nos consolar.
Então, não preciso cortar relações com você, 2017, porque sei que as rasteiras que levo todos os dias não foram suas. Foram da vida, essa safada.
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