Estava rindo outro dia com uma pilhéria sobre o Brasil. Dizia que aqui o proibido pode ser permitido, desde que o governo tenha participação.

Algo como:

– é proibido jogatina, a não ser que seja a Loteria Federal;

– é proibido roubar, a não ser que seja um esquema de corrupção;

– é proibido pirâmide, a não ser que seja a Previdência Social.

A anedota era escrita de forma um pouco diferente, mas o que está aí serve de inspiração para este artigo.

Em tempos de reforma da Previdência, alguns são a favor e muitos são contra. Ninguém quer ter direitos cortados, muito menos ver que as mudanças para pior virão apenas para si, enquanto outros terão os benefícios mantidos, como no caso de alguns servidores.

A grande questão é: sendo ou não aprovada a reforma da Previdência, o melhor que você tem a fazer é entender quão perigosa a Previdência é – e o que fazer para minorar o perigo da sua aposentadoria.

PIRÂMIDE É PROIBIDO…

Pirâmide financeira é algo proibido em qualquer lugar do mundo. Dá prisão.

É proibido porque o lançador da pirâmide faz dinheiro à custa dos outros que vêm logo atrás.

Quem nunca recebeu spams pedindo que você pague apenas R$ 1 a uma pessoa e convide outras pessoas a fazer o mesmo? Esse 1 real passado adiante remunera alguém que entrou antes de você. E você, uma vez dentro, será remunerado por outros que entrarão depois. Você dá R$ 1 e recebe vários reais, apenas por estar nesse clube.

Percebeu que não houve produção de riqueza, mas apenas transferência de riqueza? Não se produziu nada, nenhum produto, nenhum serviço. Foi apenas passando dinheiro de uma mão para outra.

E aí você pensa baixinho: “Mas se eu dei 1 real e recebi R$ 50 [números fictícios], ótimo: saí no lucro e ganhando um dinheiro bem fácil”.

Mas a pergunta que ninguém se faz é: quem vai remunerar os últimos que entrarem?

Se os últimos vão passando o dinheiro para os primeiros, quem vai passar dinheiro quando não houver outras pessoas entrando?

Repare que não estamos falando de criar um produto e vendê-lo no mercado; estamos falando de uma mecânica que depende exclusivamente de um recrutamento progressivo, contínuo e infinito de pessoas, a níveis insustentáveis.

O mundo tem algumas histórias famosas de quem ficou milionário com a pirâmide financeira.

Talvez o mais marcante tenha sido Charles Ponzi, italiano que migrou para os EUA e na década de 1920 convenceu investidores de que era possível lucrar em transações internacionais que envolviam selo e cupons resposta dos Correios americanos. Não havia transação internacional nenhuma, muito menos selos e cupons resposta, mas ele remunerava os primeiros entrantes com dinheiro dos últimos entrantes, e os remunerados acabavam propagando o bom negócio para novos interessados, achando que aquilo era realmente bom.

Bernard Madoff, na década de 2000, inventou um fundo de investimento nos EUA que remunerava o investidor como nenhum outro. Na verdade a remuneração alta aos investidores não vinha de juros naturais do mercado: era o próprio capital original de novos investidores. Só foi descoberto quando alguns deles tentaram resgatar o dinheiro da aplicação e não conseguiram.

Por que não lembrar que a crise financeira de 2008 teve muito a ver com as hipotecas e “repotecas” dos americanos? Um indivíduo tinha tantas hipotecas que, somando todos os americanos hipotecados, o sistema financeiro entraria em colapso quando a maioria passasse a não honrá-las. A história fica bem enquanto há gente (e dinheiro) entrando; o problema é quando acaba o dinheiro…

… MAS PREVIDÊNCIA É PIRÂMIDE

A Previdência tem a mesma mecânica: os aposentados de hoje são remunerados com o desconto do salário dos empregados de agora. E os empregados de agora serão aposentados de amanhã e remunerados com o desconto no salário dos empregados de amanhã.

E quando não houver mais empregados?

E quando não houver mais amanhã?

Claro que sempre haverá mão de obra num país; não existe país se não há trabalho. O problema é que a Previdência precisa de mais gente trabalhando do que se aposentando – e não é isso que poderemos ter no futuro.

O Brasil hoje está no término do chamado “bônus demográfico”, período em que a quantidade de trabalhadores (população ativa) é maior que a de crianças e idosos. Havendo mais trabalhadores, fica mais fácil pegar uma parte de cada um deles para custear os aposentados via Previdência.

Mas essa fase está para acabar, e é possível que daqui a 10 anos já tenhamos inversão entre população ativa e não ativa.

Será a vez do “bônus demotrágico”.

E se hoje a Previdência já precisa de reforma para pagar a todos sem dívidas, que dirá daqui a alguns anos, quando os inativos serão maioria.

QUAL É A MENSAGEM

Mensagem 1: se os cálculos da matemática dizem que 84% dos participantes de uma pirâmide terão prejuízo e se a Previdência tem uma mecânica piramidal, não coloque todos os ovos nessa cesta.

Não conte unicamente com a Previdência para se remunerar durante a aposentadoria.

Por causa da reforma, muita gente conclui que não conseguirá atingir os requisitos mínimos para se aposentar, e por isso estão procurando previdências complementares, os famosos fundos de previdência.

Mensagem 2: esses fundos têm muitos problemas. O principal deles é que não garantem resultado positivo em nenhum momento. Você corre o risco de chegar lá na frente e ver que o dinheiro colocado ali não cresceu como esperado, o que diminuirá o quinhão da sua aposentadoria.

Outro grande problema é quanto ao fôlego dessas instituições para remunerar os aposentados. Hoje, a maioria coloca dinheiro nesses fundos, porque estão se preparando para a aposentadoria. Mas em algum momento essa maioria se aposentará e vai querer resgatar o dinheiro. Se o bônus demográfico tiver passado, quem garante que essas instituições terão dinheiro para todos?

Tudo bem que os fundos não são 100% piramidais, mas entre ficar na pirâmide do governo e na das instituições, parece-me que a do governo tem mais caldo…

Considere ainda que estamos falando com a visão do cenário de hoje projetada para o amanhã, mas ninguém sabe quais mudanças vão ocorrer neste mundão velho sem porteira:

– hoje o emprego é CLT. Será que se mantém assim por mais tempo, ou o conceito de emprego vai mudar a ponto de não ser possível considerar o perfil que tem hoje?;

– essas instituições de previdência estão ligadas a bancos em sua maioria. Quem garante que banco continuará poderoso e com capacidade de honrar pagamentos? Com iniciativas tipo Nubank revolucionando o cartão de crédito e fintechs tirando clientes de banco, qual será o futuro deles? Terão a mesma facilidade de devolver o dinheiro quando o cliente requerer? Talvez no futuro não vivamos mais a sensação de banco sólido, saudável, forte.

Claro que toda transformação é via de mão dupla, tirando de um lado e dando de outro – veja empregos do passado que não existem mais e empregos que passaram a existir.

Mas estamos falando do dinheiro fruto do seu trabalho e que precisa ser garantido para sua sobrevivência. É preferível que ele fique guardado no lugar mais seguro e com remuneração que não lhe dê grandes surpresas.

Considerando tudo isso, tendo a escolher o Tesouro Direto como o “salvador da Pátria” – literalmente, aliás.

O Tesouro Direto:

– remunera muito melhor que a Previdência Social – não dá pra comparar o rendimento pífio do FGTS com o que paga o Tesouro;

– garante a remuneração positiva e crescida se você permanecer até o dia de vencimento – essa mesma garantia não existe nos fundos de previdência;

– o dinheiro é sempre seu, tanto o que entra quanto o que sai – ao contrário da Previdência, que lhe remunerará pelos empregados do bônus demotrágico do amanhã;

– é do governo – e governo não quebra antes de banco.

O Tesouro Direto é como aumentar significativamente o rendimento da sua Previdência Social ao mesmo tempo em que mantendo o Estado como seu pagador.

Você pode até brigar pela reforma ou não da Previdência.

Mas, antes disso, faça um aporte no Tesouro Direto e tenha a sua própria e saudável aposentadoria.